Relato de experiência na TRIBUNA POPULAR da Câmara de Salvador
"O
castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus"
Platão
DERRUBARAM A SESSÃO!
No dia, 02 de dezembro de 2013, a Rede de Mulheres pelo Fortalecimento do Controle Social das Políticas Públicas, foi à Câmara Municipal de Salvador fazer o exercício de participar ativamente do fazer político da nossa cidade.
Depois de uma longa espera iríamos levar ao espaço intitulado “TRIBUNA POPULAR” no plenário da Câmara, uma demanda diagnosticada, discutida, debatida nos discursos de gestores públicos e legisladores durante o período da última eleição.
Salvador atende a um percentual vergonhoso de
suas crianças na faixa etária entre 0 e 5 anos, assim nossa participação era
discutir a demanda: educação na primeira
infância e política de creches.
Chegamos ao Plenário Cosme de Farias às 14h,
vimos nossos vereadores chegarem aos poucos e às 15h horas havia no Plenário 28
vereadores e 2 vereadoras. O presidente abriu a sessão e o protocolo foi
cumprido com leituras feitas pelos secretários da mesa de forma inaudível,
dado o tom de voz de grupos de vereadores que conversavam intensamente no
recinto.
Naquele momento lembrei-me de muitas coisas,
entre elas ensinamentos básicos de convivência social.....
......... é preciso calar para ouvir o outro.......se
você não ficar atento lhe vendem gato por lebre......e no processo democrático
uma premissa básica é ouvir para refletir, discutir e chegar a um denominador que
seja bom para o coletivo.
Foi quase impossível ver estes princípios
básicos atendidos ali, onde o que prevalecia eram as discussões paralelas.
Por alguns segundos refleti:
Será que é por isso que não temos creches para
atender a demanda da sociedade soteropolitana? Será que
é por isso que os postos de saúde atendem tão mal?
E aí nós temos escolas abandonadas! Crianças sem merenda! Creches fechando! Crianças e jovens morrendo!
Será que é isto que justifica sermos a cidade
campeã no trabalho infantil? Será que é isto que justifica termos um alto índice de violência contra
crianças e jovens?
Assim, foi neste clima que iniciamos o momento de
participação popular neste dia, vendo e ouvindo a maioria dos representantes da
população na Câmara de Salvador conversando, sem prestar a menor atenção às
galerias onde a população aguardava para falar.
Bem, o Presidente, quando percebemos já tinha saído,
quem assumia a presidência da mesa era outro vereador, a conversa permanecia a
todo vapor, finalmente chamou nossa representante para se manifestar, ficamos
na expectativa que seriamos ouvidas plenamente. Grande engano, o burburinho
continuava, com raras exceções, pedimos silêncio, e foi preciso aumentar o tom,
pois alguns vereadores estavam nas suas articulações individuais, novamente. Pedimos
silêncio e aí ouvimos o presidente dizer: Silêncio na galeria, por favor!
Interessante! Finalmente ele ouviu o barulho,
imaginamos.......um barulho tão rotineiro do ambiente que já se naturalizou e que
fica imperceptível para eles e entre eles.
Mas na realidade nós tivemos que pedir a alguns
vereadores que se calassem para ouvir a nossa demanda:
Queremos
todas as crianças em creches comunitárias, escolas, CMEIS, enfim tendo oportunidade de ser
gente, nascendo, crescendo e desenvolvendo suas potencialidades, tendo seus direitos garantidos.
A sirene tocou e acabaram os 10 minutos. Dando
prosseguimento à TRIBUNA POPULAR, outro grupo da sociedade civil ocupou o púlpito e poucos ouviam
os reclames, mais 10 minutos e encerrou a participação popular.
Era a vez dos vereadores, aqueles que estavam
atentos ocuparam o púlpito e falaram do problema, alguns reconhecendo a
importância da questão e outros encontrando justificativas para um município
que só atende 2% das crianças desta cidade.
O burburinho tinha diminuído, quando imaginamos que eles iam ouvir e discutir o problema, alguém disse: Derrubaram a sessão!!
Como derrubaram a sessão? Que ferramenta é essa?
Serve para que? Eram 16h20min minutos?
Alguém disse: Não tem quórum! Os vereadores
foram saindo aos poucos e não era possível continuar. Derrubaram a sessão,
assim como nossas crianças e jovens são derrubados todos os dias nos espaços públicos desta cidade.
Bem, é assim que funciona, inicia às 15h e às
16h20min encerra. Às 17h horas as portas da Câmara já estavam fechadas.
Pois é, será que desta forma teremos projetos
que favoreçam a população da periferia aprovados? Será que nossas crianças
continuarão onde estão? É quase impossível, com a maioria da vereança que ocupa a Câmara
de Salvador, fazer a cidade crescer de modo digno para todos, principalmente para todas as crianças.
Mas aprendemos que: se você quer ver melhorias
para as pessoas desta cidade pense no que disse Platão,filósofo, nascido em
Atenas no século IV, ele expressou no passado o que ainda vivemos neste momento
de nossas vidas.
Precisamos assumir a nossa cidadania e conquistar nossos direitos, caso
contrário levarão todas as flores do nosso jardim, ou seja, levarão todas as
nossas crianças e jovens e aí terão conseguido seus objetivos subscritos
e velados, numa cidade negra, onde a maioria dos representantes na Câmara Municipal não
tem pertencimento da causa do povo negro e de periferia.
Ligia Margarida
Instituto Feminino de Autonomia
Ligia Margarida
Instituto Feminino de Autonomia
É ficou evidente a falta de respeito dos nossos representantes, entretanto reforçou a necessidade de não nos permitirmos ser castigadas pelos maus e sim, começarmos (nós mulheres) a fazer a Politica das boas, para que os maus governados não se deem bem.
ResponderExcluirParabéns companheira, a luta continua, vamos seguir o exemplo do nosso saudoso e grande líder Nelson Mandela e nos tornaremos heroínas da resistência. Um grande abraço.
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