Leia na íntegra a carta do Movimento de Mulheres do Subúrbio e da Periferia de Salvador solicitando respostas em relação a sua representação na Conferência de Políticas para Mulheres em Brasília.
Quem cala consente
Muitas pessoas apostam na memória curta do povo para
cometer atrocidades, impor seus desejos e depois apresentarem-se nos espaços
representando segmentos, que não lhe autorizaram isso.
No último dia 21 de setembro de
2011, Salvador viveu momentos que devem ser refletidos, por isso estamos aqui
utilizando deste instrumento para provocar reflexões esperando que muitas pessoas
leiam e parem para pensar.
Em qual prática política se aprende a usar de uma fragilidade, para tumultuar? Com quem aprendemos a recrutar militantes para inviabilizar um processo e tirar proveito disso? Com quem aprendemos a destituir pessoas usando a truculência? São pequenos exemplos de” malvadeza” e perversidade política que assistimos na Conferência de Políticas para as Mulheres de Salvador.
Assim, não podemos nos calar, pois já
dizia nossos antepassados: Quem cala
consente. Ainda bem que nós mulheres da periferia, vivemos um momento de
amadurecimento político e temos consciência que não podemos mais nos calar.
Os nossos afazeres por vezes desvia a
nossa atenção, para atendimento das chamadas necessidades básicas, afinal as
mulheres negras da periferia são na grande maioria das vezes as mantenedoras da
família. Hoje construindo um novo
momento de fortalecimento mútuo,
estamos aqui, para mais uma vez lembrar que temos memória, publicizar os desmandos
ocorridos na conferência, falar da nossa insatisfação e iniciar aqui um
movimento que exige respeito e lisura nos processos onde temos a obrigação de
respeitar todas as mulheres independente de crença, raça ou partido político.
Não é possível mais manter-se eternamente
no poder na marra, precisamos entender o
quanto é salutar renovar idéias, pessoas e pensamento.
Depois da Conferência Municipal de
Salvador, as mulheres que lutaram tão efusivamente para serem “ delegadas”
estão silentes, afinal foram “vencedoras” tiveram o nome mencionado na lista,
de que modo não as interessa, preparam-se para o outro momento que é a territorial,
afinal a caminhada ainda vai exigir muito esforço, e a meta é chegar em Brasília,
para defender os “interesses das mulheres”.
Enquanto isso, vivemos na nossa cidade a ausência de discussão sobre o modo como o organismo de política para as mulheres funciona, os equipamentos que deveriam atender as mulheres vítimas das mais variadas formas de violência funcionam precariamente, as mulheres das comunidades carentes continuam morrendo vítimas da mortalidade materna e não vemos a mesma articulação que ocorreu na Conferência para resolver a questão.
Seria muito bom que utilizássemos todas
as nossas forças para resolver estas questões e não usar de velhos esquemas e
estratégias para mostrar que temos "Poder”, usando as mesmas armas
utilizadas pelos homens, armas estas que nos nossos discursos reiteradas vezes
condenamos. Que respeito queremos para nós?
Ser delegada na conferência não é para
nós o ápice da questão, protestamos pelo modo como o processo de construção foi
descartado e como se deu o processo de escolha das “delegadas”.
Com dificuldades construímos pela
primeira vez uma Pré-Conferência no Subúrbio e outros bairros da periferia, queríamos
fazer parte da construção, foi um desafio e vimos tudo isso ser jogado fora
desrespeitosamente, por cabeças que se
omitiram, manipularam e prejudicaram o processo.
Naquele dia, muitas mulheres “fortes” usaram
o microfone para impor suas vontades e “bateram na mesa”, em nome da ordem, diante
do manifesto daquelas que se sentiam lesadas. Nós ouvimos velhas frases
próprias dos métodos machistas tão condenados nos discursos das defensoras dos
direitos da mulher.
Em um deles foi, “vocês tem 15 minutos
para compor uma chapa, e concorrer”, sabendo da impossibilidade disto acontecer,
naquele cenário, articulado e montado para vaiar todas que não fosse a Chapa 1.
A sua gana não lhe permitiu perceber que a questão não era criar uma chapa, o
problema era a lisura do processo conduzido de modo equivocado e “malvado” que
insistia em nos lembrar de velhos métodos que queremos esquecer.
Nós mulheres negras do subúrbio e
periferia que participamos da Conferência Municipal de Politicas para Mulheres
de Salvador nos sentimos prejudicadas, queremos mais uma vez, expressar a nossa
insatisfação e dizer que não vamos nos calar.
A nossa luta é por igualdade de direito e
ela não está resumida a um momento de conferência, mas no processo excludente
com que somos tratadas.
Desta forma excluídas que fomos, queremos
saber quem são as entidades que irão nos representar e quem são as
representantes que vão a territorial? Esperamos que a SPM/CMM e a COE,
responsáveis pela condução da conferência possam dar respostas claras e
publicar estas informações, afinal chega de truculência, e vamos de uma vez por
todas esquecer as "Malvadezas", porque nós lutamos para isso e não
podemos concordar que o passado retorne para nos atormentar, enclausurar e escravizar.
Vamos aguardar respostas porque é um direito nosso saber quem vai nos representar.
Assinam este documento
Fórum de Entidades do Subúrbio
Movimento de Mulheres do Subúrbio
Associação Renascer Mulher
Ginga Movimento de Mulheres
Grupo de Mulheres do Sankofa
Grupo de Mulheres de Valéria
Mulheres do Quilombo do Tororó
Mulheres do Núcleo Periferia
Nós contamos com o apoio do Movimento de Mulheres Negras e de Periferia de Salvador para que juntas possamos ter nossas perguntas respondidas.
Muito Obrigada!!
Rede de Mulheres pelo Fortalecimento do Controle Social das Políticas Públicas
E vamos à luta!!
Nós contamos com o apoio do Movimento de Mulheres Negras e de Periferia de Salvador para que juntas possamos ter nossas perguntas respondidas.
Muito Obrigada!!
Rede de Mulheres pelo Fortalecimento do Controle Social das Políticas Públicas
E vamos à luta!!
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